Instituições (OSC e IES) envolvidas: CooLabora, Instituto Politécnico da Guarda e Universidade da Beira Interior

Nome das pessoas envolvidas: Rosa Carreira (CooLabora), João Leitão (IPG) e Marta Alves (UBI)

Quem fez o registo: Equipa

Ação colaborativa: UBICOOL

Data de elaboração do registo: 10.01.2018

Palavras-chave: Adaptação à mudança; Reflexão; Aprendizagem coletiva.

 
 

Contexto da situação

O ponto de partida da proposta de trabalho colaborativo é o UBICOOL, uma iniciativa de voluntariado universitário que desafia os/as jovens universitários/as a realizar atividades de promoção de uma cultura de paz e de não-violência em contextos escolares. A intervenção centra-se na dinamização de jogos pedagógicos nos recreios das escolas e em sala de aulas, tendo em vista prevenir problemas como o bullying ou a violência no namoro e reforçar a capacidade dos alunos e alunas de resolução não-violenta de conflitos. Estão envolvidas nele a CooLabora que dinamiza toda a iniciativa e a Universidade da Beira Interior (UBI), que facilita e incentiva a participação das suas alunas e alunos. O trabalho colaborativo desenvolvido no âmbito do Sinergias ED pretendia melhorar esta iniciativa conjunta da CooLabora e da UBI. As melhorias seriam introduzidas graças ao estudo, por parte da UBI, de algumas dimensões da iniciativa.

Depois de alguns ajustes que fizemos em articulação com a equipa técnica do projeto Sinergias ED e convencidas de que era um projeto perfeito, eis que o Instituto Politécnico da Guarda (IPG) mostra interesse em integrá-lo e, como tal, havia que reformulá-lo. Após uma reunião com 2 representantes do Instituto Politécnico da Guarda (IPG), decidiu-se que através da Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto (ESECD), este instituto viria reforçar este trabalho associativo e colaborativo entre as instituições, como observador externo, permitindo acompanhar o desenvolvimento dos processos e a sua aplicação, com vista a uma futura implementação no território de envolvência do IPG-ESECD.

Relato

Como referido, o nosso projeto estava definido inicialmente como sendo apenas a UBI e a CooLabora que o iriam levar a cabo. À partida, alterar algo que estava dado como terminado é sempre desconcertante – esta foi a primeira sensação que tivemos, confessamos. Da parte do IPG, também foi sentido algum desconforto; a sensação era estar a entrar em “casa alheia”, pelo que foi muito importante a abertura demonstrada pela CooLabora e pela UBI.

Começámos por pedir ao representante do IPG que nos desse a conhecer quais eram as suas expectativas ao entrar neste projeto. Este informou que no IPG se havia tentado já implementar uma iniciativa deste género, mas que não teve sucesso devido às dificuldades de angariação de alunos/as. Depois de uma troca de ideias e da afinação de outras chegámos a um consenso: a CooLabora desenvolveria a atividade, tal como tem feito desde 2011, a UBI investigaria o que leva alunas e alunos a fazerem voluntariado e outros/as a não o fazerem e o IPG assumiria uma posição de observador, não apenas para assimilar o processo de implementação de uma iniciativa congénere mas também para dar contributos para a sua melhoria na Covilhã.

Mais concretamente:

  • O Departamento de Psicologia e Educação da UBI, partindo da experiência do UBICOOL, propôs-se contribuir para uma melhor compreensão do fenómeno do voluntariado universitário. Em particular e, numa primeira fase, a estudar crenças, motivações e atitudes de estudantes universitários/as que estejam envolvidos/as em atividades de voluntariado. A análise dos resultados obtidos permitirá, em termos académicos, contribuir para a caracterização do perfil de voluntário/a e identificar possíveis antecedentes da prática de voluntariado nesta população.
  • A CooLabora ficou responsável pelo recrutamento de voluntários/as para o estudo, assim como pela recolha dos dados. Os resultados poderão ajudar a CooLabora no processo de recrutamento de voluntários/as na UBI e na manutenção dos/das jovens no programa UBICOOL, através do desenvolvimento de estratégias de mudança de crenças e atitudes face ao voluntariado e à violência interpessoal, assim como de promoção da motivação para a prática do voluntariado. Através do contacto direto com os/as jovens universitários/as, a CooLabora vai tendo consciência de outras fontes de influência que afetam os comportamentos e atitudes dos voluntários, o que servirá para redefinir o processo de investigação no sentido de torná-lo cada vez mais relevante para a ação. Para o IPG, este estudo poderá contribuir para definir uma estratégia eficaz de mobilização de alunos e alunas para iniciativas de voluntariado jovem.

Aprendizagens

A principal aprendizagem que fizemos graças a este trabalho colaborativo foi que um fator que, à partida, nos pareceu vir “perturbar” um processo que estava já numa fase adiantada veio a revelar-se muito enriquecedor: por um lado permitiu-nos fazer uma reflexão sobre o projeto que já tínhamos definido em conjunto (CooLabora e UBI) tornando-o, graças a isso, mais complexo e mais ambicioso mas, acima de tudo, reforçou o potencial de transformação do projeto, pois esta nova ligação permitirá trazer melhorias ao projeto em curso já que pela primeira vez desde que o UBICOOL está no terreno (2011) temos a possibilidade de contar com um investigador de ciências sociais a assistir aos momentos fulcrais, o que traz, sem dúvida, contributos muito positivos. De salientar que esta observação da implementação do projeto é feita com base numa grelha de análise elaborada de forma colaborativa entre a CooLabora e o IPG, o que mostra desde logo esta postura de dar e não apenas de receber.

Da parte do IPG, o processo em si tem sido extremamente gratificante, desde logo com a disponibilização por parte da CooLabora e da UBI de toda a colaboração e informação referente às diferentes iniciativas, o que permitiu uma excelente integração.

Até ao momento foram realizadas quatro observações por parte do IPG deste processo de voluntariado: o momento de captação de voluntários/as do curso de Psicologia da UBI e três que se referem à implementação de dinâmicas, junto de diversas escolas, com públicos-alvo de diferentes grupos etários. Estas ações não só demonstraram ter tido grande impacto junto dos/as jovens e crianças, como revelaram metodologias e instrumentos adequados para intervir junto destes públicos juvenis, sendo ainda de destacar a capacidade de organização e flexibilidade das técnicas e voluntários/as da CooLabora, na forma como colocam estas estratégias no terreno.

Em suma, o que à partida nos pareceu um problema: encaixar um novo parceiro num projeto que já tínhamos definido entre a CooLabora e a UBI, veio a mostrar-se uma oportunidade única de colaboração com uma instituição de ensino superior que trazia duas mais-valias. A primeira era a de contribuir com um olhar externo e, como tal, passível de levantar questões que nos podem levar a melhorar o UBICOOL. A segunda decorre da sua entrada no projeto com uma motivação muito específica (implementar a iniciativa na Guarda), fazendo com que a sua participação se enquadrasse na tipologia de parcerias win-win.

Próximos passos

Um passo desejável e já pensado foi o da criação de uma base de dados para partilha de jogos/dinâmicas pedagógicas dos diversos grupos e temas. Esse mesmo espaço seria uma oportunidade para a partilha de experiências à volta dos projetos e pressupostos que unem todos os grupos que participam no Sinergias ED.

Um outro passo que estava previsto desde o início é a criação de um referencial de formação para os/as voluntários/as que se dedicam a estes temas tão específicos e complexos como são a violência de género, o bullying e a violência juvenil.

Prevemos ainda que a CooLabora e a UBI possam juntar-se ao IPG com o objetivo de criar uma estratégia adequada para replicar na Guarda uma iniciativa como o UBICOOL.

 

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