Ana Mouta[1]Psicóloga e Doutoranda em Educação, Universidade de Salamanca., Cristiana Pinho[2]Especialista Júnior em Medição de Impacto, U. DREAM. & Diogo Cruz[3]Diretor Executivo, U. DREAM.
Resumo:
A U. DREAM é um projeto de educação não-formal, iniciado em 2012, com o propósito de estimular o desenvolvimento social, a partir da promoção de perfis de liderança comunitária distribuída entre jovens do Ensino Superior (ES). Desde 2020, todo o Programa formativo de 18 meses é alvo de monitorização e avaliação de impacto no quadro do Study on Social and Emotional Skills da OCDE, estudo que integra enquanto Academia Gulbenkian do Conhecimento. O presente artigo procura apresentar a proposta formativa U.DREAM e resultados intermédios de impacto, demonstrando o papel desempenhado pela educação não-formal – quando organizada em programas intencionais e sistemáticos prolongados – na manutenção de um perfil orientado ao impacto social, a partir de uma matriz pessoal que se articula significativamente com outros investimentos de vida. A consolidação destes aspetos é facilitada pela estruturação programática em torno de três núcleos: formação modular com apoio personalizado ao formando, experiências sociais imersivas orientadas ao impacto social e concretização de um sonho de outrem em equipa. Todo o conteúdo programático e práticas de intervenção, desde o momento de seleção de formandos, se mostram coerentes com a responsabilidade de fomentar uma liderança comunitária distribuída, a partir de uma matriz sistémica e bioecológica de atuação.
Palavras-chave: Liderança Comunitária; Liderança Distribuída; Educação Não-Formal; Desenvolvimento Comunitário.
Introdução
I have a dream…
A U.DREAM (UD) apresenta-se ao público com a ambição que o seu atrevido slogan encerra: «um plano para mudar o mundo nas mãos dos jovens». Com efeito, «mudar o mundo» tem vindo a dar o mote a diversas iniciativas de uma geração que cresceu sob os efeitos da Grande Recessão, do estreitamento da classe média e do ressurgimento de uma elevada polarização ideológica, evidenciada nas mais diferentes instâncias dos debates mais recentes em torno de acontecimentos como a COVID-19 ou a guerra na Ucrânia. A geração que hoje entra na juventude da idade adulta, traz um legado multivocal, resultante do confronto com a diversidade a que a expôs a globalização, o acesso instantâneo e amplo à informação e a virtualidade das vivências, a que se soma ainda a consciência, tida lá no alto, na cadeira de avião, de que parte do planeta é iluminada e de que outra permanece no escuro… A U.DREAM surge, pois, como um espaço de encontro para aqueles que não encontram forma de caber nesse banco e a quem chamam, consequentemente, «inconformados». São quem desafia a forma de habitar, sonhar e existir em comunidade, colocando-a entre parênteses, enquanto a interrogação demora. Foi, aliás, neste contexto que surgiu e se desenvolveu a U.DREAM, começando com um grupo de estudantes que procuravam ter impacto nas comunidades onde cresceram, evoluindo, desde o projeto, para uma organização profissional que hoje oferece um programa de educação não-formal para aqueles que querem ser estimulados a fazer o mesmo, a partir de um acompanhamento intencional, sistemático e consequente.
Um contexto permeável ao Programa da UD
A UD visa hoje suprir uma lacuna do sistema de educação formal em Portugal, ao mesmo tempo que procura qualificar o terceiro setor no país. O sistema educativo nacional não oferece, com efeito, uma resposta sistemática orientada à participação, o que se reflete na baixa literacia para o impacto social transformador, tanto em quem, por condições iniciais, se encontra já mais vulnerável, como em quem poderia ter um papel na reversão ativa desses padrões de reprodução social. Assim, se entendem também os dados nacionais partilhados pelo relatório de diagnóstico do Programa Cidadãos Ativ@s (Fundação Calouste Gulbenkian, 2019) e pelo relatório de 2020 da Social Equitiy Initiative (2020): 1) sociedade civil fragmentada, com poucas organizações representativas; 2) empresas do setor social com fracas estruturas tecnológicas, recursos financeiros e pessoal subqualificado; 3) baixa taxa de voluntariado nacional (7,8% para uma média da UE de 19,3%); 4) baixa participação cívica, sendo a mais baixa dos países beneficiários (Nº 36 em 38 países); 5) elevada taxa de abstenção eleitoral (60,5% de abstenção nas Presidenciais de 2021); 6) acima da média da UE no que toca a grupos vulneráveis, discriminação e preconceito.
Olhando o contexto educativo nacional, é possível registar que a educação formal se ocupa dos temas acima descritos através da Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania, que se distribui pelos ensinos básico e secundário, com atividades realizadas no quadro da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, sendo esta desenvolvida nas escolas segundo três abordagens complementares: natureza transdisciplinar no 1.º ciclo do ensino básico, disciplina autónoma no 2.º e no 3.º ciclos do ensino básico e componente do currículo desenvolvida transversalmente com o contributo de todas as disciplinas e componentes de formação no ensino secundário. Esta sensibilização inicial dá-se através da exploração de temas como direitos humanos, igualdade de género, interculturalidade, desenvolvimento sustentável, educação ambiental, saúde, sexualidade, media, instituições e participação democrática, segurança rodoviária, risco, entre outras. Recentemente, foi elaborado o Referencial de Educação para o Mundo do Trabalho (Ministério da Educação, 2020), que constitui um documento orientador à ação pedagógica no âmbito do Mundo do Trabalho, como domínio da educação para a cidadania e desenvolvimento, de teor formativo pessoal e social, incentivando-se a sua implementação na educação pré-escolar, no ensino básico e no ensino secundário.
Ora, a passagem à ação centrada nas problemáticas acima mencionadas encontrará, certamente, maior expressão à medida que estes jovens se tornarem mais autónomos. Com a passagem para o ensino superior, após um ciclo secundário de abordagem mais transversal destas temáticas e competências, os jovens encontrarão um hiato no trabalho começado em termos de liderança comunitária e um estímulo acrescido ao desenvolvimento de competências técnicas associadas aos seus cursos, onde escasseiam unidades curriculares transversais voltadas ao desenvolvimento pessoal e à capitalização desse desenvolvimento a favor da sociedade e da causa pública. Por estas razões e pelo facto de os estudantes do ensino superior somarem a tudo isto um estádio de desenvolvimento crítico à consolidação desta competência foram identificados como público-alvo chave do programa da UD: eles aliam a perspetiva temporal de futuro às tarefas de desenvolvimento psicossocial de jovem adulto, onde comportamentos anteriores de exploração de identidade dão lugar a compromissos mais vinculativos nesta transição para a idade adulta. A este perfil genérico de base há ainda que acrescentar a relevância que assumem os processos de atribuição de sentido ao investimento académico numa fase em que esse investimento é, tantas vezes, exigente, conduzindo a questões quanto ao valor da escolha feita. Aliás, no que se refere ao tema do abandono do ensino superior, estudos demonstram que são as iniciativas focadas na dimensão de desenvolvimento psicológico as mais valorizadas (Ferreira, F. & Fernandes, P., 2015), atestando a relevância de programas de desenvolvimento pessoal neste momento do percurso vocacional.
Objetivos e destinatários do programa formativo U.DREAM
O objetivo global do programa é o de consolidar uma atitude promotora de cidadãos e profissionais conscientes e sonhadores ao ponto de acreditarem que têm poder sobre as suas vidas e que podem agir (sentido de agência), influenciando outros e gerando sinergias e recursos, em prol das necessidades das suas comunidades. A UD procura, então, consolidar competências de liderança comunitária que tenham um papel no atenuar das problemáticas sociais sobre as quais incidem. Concretiza-o através da formação imersiva, com balanço contínuo entre reflexão-ação, apoio personalizado e realização de sonhos que funcionam como produto tangível, mensurável e com efeitos tanto nos destinatários como nos seus promotores. Através da ação voluntária, realiza-se um conjunto alargado de iniciativas junto dos diversos destinatários servidos por instituições de caráter público ou privado (e.g., Serviços de Ação Social, IPSS, ONG, Hospitais e Centros de Saúde, Associações Locais e Juntas de Freguesia…), aplicando-se, ainda, uma lógica de projeto, para a concretização colaborativa de sonhos.
Estimula-se, pois, o desenvolvimento cívico (pela participação e envolvimento comunitário) e, em simultâneo, o desenvolvimento profissional, invertendo a lógica de «formar» (em áreas predominantemente sociais) para «aplicar» e gerar impacto. É a prática de gerar impacto que reconfigura o papel profissional e social de cada cidadão, reconhecendo, ao longo de todo o espectro STEAM, cabimento e competências ativas para a resolução ou atenuação das problemáticas visadas. Ao mesmo tempo, ao munir-se de ferramentas digitais e da ciência de dados, a UD procura ter um papel na qualificação do terceiro setor em Portugal, tornando mais competitiva e atrativa a atividade neste contexto e, assim, captando perfis profissionais mais motivados e com competências transversais que possam contribuir para um impacto social mais profundo, transformador e alargado.
A atuação da UD é tripartida, começando com programas de sensibilização dirigidos a crianças e professores do ensino básico, onde se capitaliza o valor das histórias dos tantos sonhos da comunidade que a U.DREAM já ajudou a concretizar e que hoje fazem parte da sua aposta editorial, com a coleção em livro «Crescer com Consciência». Ainda no plano da sensibilização, desenvolvem-se ciclos de atividades com estudantes do ensino secundário, em diversas escolas de Portugal. A proposta formativa por excelência, de longa duração (não inferior a 6 meses), modular e imersiva, destina-se a estudantes a frequentar o Ensino Superior, Público, Particular, Cooperativo e Concordatário. Para profissionais incorporados no mercado de trabalho, a formação contínua da U.DREAM ajusta-se às necessidades das organizações e adapta-se ao momento de desenvolvimento profissional dos participantes.
O programa formativo UD dirigido a estudantes do ensino superior conta com elevados níveis de procura e adesão (mais de 400 candidatos anuais/por edição), o que é de salientar no âmbito de uma oferta não integrada no plano de educação formal e, por conseguinte, não conducente a uma certificação reconhecida no quadro da progressão académica ou profissional. Ao analisar a diversidade das áreas de formação dos estudantes de ensino superior que integram o programa U.Dream, três conclusões principais poderão ser realçadas:
1. No plano dos efeitos potenciais na capacidade de resposta às necessidades/desafios das Comunidades – o Programa tem a capacidade de captar estudantes STEAM (das Artes, Humanísticas, Ciências Sociais, Biológicas e Tecnologias) e não apenas estudantes de áreas sociais, o que contraria a tendência europeia, de acordo com os dados do «Relatório de Investigação de 2020 em Aprendizagem em Serviço nas instituições de Ensino Superior Europeias» (Cayuela, A. et al., 2020), que nos mostra a prevalência de estudantes das Ciências Sociais, nomeadamente da área de Educação, em termos do envolvimento em atividades de Aprendizagem-Serviço. Adicionalmente, o programa conta com elevadas taxas de conclusão e fortes indicadores de mobilização das redes de relações pessoais dos jovens para ações de impacto social. Este dado tem particular relevância ao permitir antecipar o contributo do Programa para a consolidação de líderes comunitários que dispõem de uma multiplicidade de conhecimentos, sensibilidades e competências de base, daí prevendo-se uma capacidade de resposta extensível a uma grande panóplia de problemáticas sociais.
2. No plano da consistência de desenvolvimento pessoal de líderes – paralelamente, o programa tem a virtualidade de acrescentar um sentido de missão à formação inicial dos estudantes, contribuindo para a manutenção dos seus investimentos no curso atual e ao alargamento das perspectivas de futuro, onde a inovação e a colaboração passam a destacar-se. A transferência e generalização de ganhos para outros contextos e ao longo do tempo é ainda verificável pela acessibilidade da rede Alumni U. DREAM.
3. No plano da redução das elevadas taxas de abandono do ensino superior em Portugal, a rondar os 30% (DGEEC, 2017) – este ponto deriva diretamente do anterior, contribuindo-se para o reforço do significado dos investimentos de vida dos participantes, mais equilibrados consigo mesmos, com as suas relações e com o seu curso. Não obstante o abandono escolar ser superior entre estudantes mais desfavorecidos (Sá et al., 2021), repare-se que os estudos mostram que são as iniciativas focadas na dimensão de desenvolvimento psicológico as mais valorizadas no tema do potencial abandono, bem à frente do apoio tutorial-académico e financeiro (Ferreira, F. & Fernandes, P., 2015). A oportunidade concedida para continuamente rever as competências vocacionais e explorar saberes num horizonte exponencial de possibilidades, gera, em muitos casos, a consideração da formação de ensino superior que se frequenta à luz de um novo quadro de significação pessoal, contribuindo para uma reaproximação afetiva com o curso e predizendo a adaptabilidade profissional futura.
A liderança comunitária e a liderança comunitária distribuída
No contexto dos modelos de desenvolvimento comunitário encontramos como áreas dominantes os processos democráticos, a cooperação voluntária, a ajuda-mútua, a educação de agentes locais e a liderança, tendo esta última sido escolhida pelo programa UD na abordagem à intervenção sobre as condições de existência individuais e grupais. A metodologia do programa privilegia a assunção de um papel de liderança não apenas como seu objetivo último, mas como atitude a vivenciar enquanto participante, seguindo as pistas dadas por estudos diversos, incluindo os de Zimmerman (1995), que focam as mudanças operadas nas pessoas que têm a oportunidade de participar em processos sociais e políticos no seio da sua comunidade. O empoderamento comunitário resultaria, justamente, da interseção de (1) um sistema de valores inspirador de crescimento, (2) um sistema promotor de acesso contínuo a papéis sociais multifuncionais, (3) um sistema de suporte onde os cidadãos são considerados pares, incrementando-se o sentido de pertença e (4) uma liderança inspiradora, talentosa, partilhada e comprometida com as pessoas e com o contexto como um todo.
O conceito de «liderança comunitária» pertence ao universo concetual da Psicologia Comunitária, ao contrário do conceito de «liderança social» que nasce no contexto da Psicologia das Organizações, com o desenvolvimento da teoria das estruturas organizacionais de Mintzberg (1973). Importa aqui a distinção já que um líder social, compreendido nesse contexto organizacional, não pode desvincular-se do seu papel hierárquico, o qual assumirá sempre, maior ou menor, peso no modo como é representado pelos outros. O líder comunitário é, por princípio, um par no jogo da comunidade, o que se, por um lado, lhe retira a carga simbólica de qualquer tipo de hierarquia formal, também o deixa mais permeável às redes do capital económico, cultural e social de que dispõe. É por isso, entre outras razões, que este tipo de liderança tem outras implicações quando se pensa no modo como se desenvolve e se mantém ao longo do tempo.
A liderança comunitária procura, então, romper com o status quo e promover mudanças significativas na sociedade, por meio da ação cidadã (Evans, 2012). Esta atitude visa a transformação das instituições sociais, em prol da atenuação de problemáticas sociais e da defesa de grupos mais vulneráveis. Para cumprir esse objetivo, juntam-se esforços coletivos, aproveitando-se ao máximo os recursos pessoais e procurando-se os recursos externos necessários para lograr ações mobilizadoras intencionais. É uma liderança que abdica de um papel central, promovendo o surgimento de papéis e vozes mais distintos no seio de uma comunidade, procurando vínculos fortes e diversos, no sentido de levar a própria comunidade a ter autoria na mudança (Evans, 2012).
Programas de desenvolvimento da competência de liderança com base comunitária revelam ser eficazes no que se refere à tomada de consciência e conhecimento sobre as vivências das comunidades, tendo ainda impacto sobre competências socioemocionais tais como a resolução de problemas, a comunicação e o aumento da empatia (Puxley & Chapin,2021). Estes programas tendem a favorecer experiências de participação na comunidade onde é possível desenvolver talentos e competências em torno de propósitos mais significativos, saindo reforçado o sentimento de pertença e a confiança na mobilização de ações a favor de mudanças que gerem, elas mesmas, maior envolvimento comunitário. Com efeito, com o alargamento do leque de competências, maior autoeficácia e motivação, a probabilidade de impacto social tende a aumentar (Puxley & Chapin, 2021).
O programa da U.DREAM, para além da abordagem de liderança comunitária, consagra um estilo de liderança distribuída em que se salienta a liderança assumida de modo partilhado por vários jovens, a quem cabem diversas funções e onde se valoriza a multiplicidade de conhecimentos, preferências e competências, em prol de uma liderança coletiva e integrada (Liang & Sandmann, 2015). A liderança reparte-se, por conseguinte, por múltiplas fontes que atuam conjuntamente, consoante a sua experiência individual, de modo a criar um espaço participativo em diversos contextos. Uma só identidade coletiva incorpora, pois, diferentes perspetivas e interesses, numa abordagem de fluidez e reciprocidade (Liang & Sandmann, 2015), onde responsabilidades distribuídas de forma complementar e interdependente tendem a incrementar o compromisso e o envolvimento (Guimarães, et al., 2016) face à complexidade dos contextos, e da qual saem reforçados a inclusão, o dinamismo e o envolvimento comunitário (Fusarelli, Kowalski & Petersen, 2011).
Uma metodologia orientada ao desenvolvimento psicológico
A U.DREAM pratica os princípios orientadores da Aprendizagem-Serviço, enquanto metodologia pedagógica que fomenta o envolvimento cívico dos estudantes, aproximando-os de diferentes contextos e problemáticas sociais e tornando-os coconstrutores das resoluções, ao mesmo tempo que desenvolvem competências, valores e aprendizagens (Cayuela & Aramburuzabala, 2020; Santos, 2021; Rodrigues et al., 2021). Diversos estudos suportam os benefícios destas experiências nos domínios académico, vocacional, cívico, ético, pessoal e social (Meyer et al., 2019) e no plano da inovação social e desenvolvimento local sustentável, a partir do transvasamento de conhecimentos técnicos para uma aplicabilidade em contexto (Santos, 2021; Rodrigues et al., 2021).
É, pois, neste enquadramento que se compreendem as dimensões críticas da teoria da mudança do programa U.DREAM: essas dimensões relacionam-se com o facto de ser uma intervenção guiada por um modelo conceptual de desenvolvimento de dimensões psicológicas que concorrem para a liderança comunitária distribuída; a duração e a modularidade da formação; a metodologia de projeto sob a forma da concretização colaborativa de um «sonho»; o apoio personalizado por parte do formador; a forte componente imersiva do programa com experiências diversas e sistemáticas de role-taking; a estratégia balanceada de reflexão-ação; o modelo de monitorização e a componente mista de avaliação de impacto; a relevância do reconhecimento das competências adquiridas. Uma outra estratégia intencional do programa para a efetivação de ganhos, é a coerência de cada uma das suas etapas com a sua missão: desde logo, o processo de seleção de estudantes é concebido como oportunidade de intervenção, fomentando-se a realização de atividades orientadas ao impacto sobre uma problemática da comunidade onde o estudante se insere.
A estruturação programática da formação em módulos, dirigida a estudantes do ensino superior envolve dois tipos de intervenção: 1) sessões de formação centradas nos temas do «eu» (identidade), «eu com os outros» (vinculação e modelos de relação com a diferença) e «eu na comunidade» (participação social, envolvimento e liderança); 2) experiências imersivas em instituições diversas (incluindo, ambiente domiciliário com cuidadores informais). O conteúdo programático tem como expectáveis outcomes o «sonhar, inspirar e intervir»: 1) Sonhar (eu) – materializável na capacidade de se projetar no presente e no futuro, com base em valores, interesses, competências e talentos que saem reforçados e levam a um maior bem-estar pessoal e a investimentos mais continuados em diferentes áreas de vida; 2) Inspirar (eu com os outros) – materializável no solidificar de redes de relações significativas e na massificação de comportamentos de participação e envolvimento social; 3) Intervir (eu na comunidade) – materializável na consolidação de um perfil de «líder comunitário», capaz não só de participar, mas de continuamente gerar sinergias que se retroalimentam sem esse agente ativador inicial.
Abordagem à medição de impacto
A U.DREAM encontra-se em fase de aperfeiçoamento do sistema de medição de impacto, o qual se enquadra na estrutura de Investigação e Desenvolvimento da organização. Tendo incorporado em 2020 as Academias Gulbenkian do Conhecimento da Fundação Calouste Gulbenkian, foi possível integrar o estudo internacional da Organização para a Cooperação Desenvolvimento Económico (OCDE), o «Study on Social and Emotional Skills» (SSES). Este estudo visa identificar e avaliar as condições e práticas que permitem o desenvolvimento de competências sociais e emocionais em jovens.
A meta de avaliação da U.DREAM comporta dois objetivos centrais. A curto e médio prazo procura-se analisar o impacto do programa no desenvolvimento da liderança comunitária dos participantes, observada a partir do modo (1) como se veem, lidam com as suas emoções e projetam no presente e futuro, (2) como cuidam das suas relações e influenciam os seus para a participação social e o envolvimento comunitário e (3) como, efetivamente, se envolvem em ações em instituições/projetos que funcionam como respostas sociais para problemáticas das comunidades. A longo prazo, pretende-se estimar os efeitos do impacto da ação dos estudantes sobre os alvos diretos e, portanto, tirar ilações para a capacidade de resposta às necessidades de grupos específicos da população num dado contexto geográfico.
A abordagem metodológica da UD é mista, passando pela passagem de questionários SSES e análise de dados sócio-biográficos, a que se associa o Questionário Inicial de Impacto em Sistema Pessoal (QIISP), criado pela U.DREAM, para medir os efeitos em torno das dimensões do «eu», «eu com os outros» e «eu na comunidade», tal como problematizadas e parametrizadas pelo programa, a partir do universo concetual acima descrito. A esta componente mais quantitativa, juntam-se as técnicas etnográficas, que implicam a observação em contexto, os diários de autorrelato, os grupos focais, entrevistas aprofundadas e mesmo os estudos de caso, para uma compreensão mais plena, quer dos efeitos, quer dos mecanismos, individuais e coletivos, que explicam as mudanças observadas.
Toda a metodologia de avaliação de impacto é acompanhada por monitorização contínua de: 1) dosagem, i.e., quantidade do programa entregue a cada estudante; 2) fidelidade, i.e., cumprimento do planeamento; 3) adaptação, i.e., aspetos e argumentos que explicam modificações eventualmente introduzidas no curso das sessões; 4) qualidade, i.e., modo como cada formador dinamiza a sessão/acompanha o desenvolvimento do formando ao longo do percurso formativo; 5) responsividade, i.e., satisfação/atitudes em relação ao programa.
Dados intermédios de impacto
A análise que de seguida se apresenta, a partir de uma recolha mista, procura compreender de forma holística e integrada os ganhos que vêm sendo percecionados pelo grupo de intervenção. Ela suporta-se dos dados iniciais recolhidos no pré-teste QIISP, SSES, respetivos dados sociodemográficos e conteúdo da dinamização de grupos focais.
Participantes
Esta avaliação engloba o Grupo de Intervenção (GI), constituído por 107 elementos, e o Grupo de Controlo (GC), com 29 elementos. O GI entrou no programa em março de 2021 e prevê-se que o termine em agosto de 2022. O GI tem elementos entre os 20 e os 32 anos; 98% dos participantes é do género feminino e 2% do género masculino; a maioria é de nacionalidade portuguesa e a sua distribuição geográfica abrange as Universidades do Minho, Porto e Aveiro; 40% está a frequentar o 1º ano.
No GC os jovens têm idades compreendidas entre os 20 e os 23 anos; 81% é do género feminino e 15% do género masculino; todos são de nacionalidade portuguesa; 48% frequenta a Universidade do Porto e 22% a Universidade do Minho; 67% dos estudantes está a frequentar o 1º ano do curso.
Instrumentos
SSES – Study on Social and Emotional Skills
O SSES é constituído por 104 afirmações, com uma escala compreendida entre 1 e 5. No caso da U.DREAM utilizam-se os questionários relativos a cinco variáveis: autorregulação, comunicação, resiliência, adaptabilidade e resolução de Problemas. É tida em conta uma análise multidimensional, a partir da aplicação do questionário ao participante, aos pais/familiares ou amigos do participante (escolha sua) e ao formador (pós-teste, apenas).
QIISP – Questionário Inicial de Impacto em Sistema Pessoal
O QIISP é constituído por uma escala de 4 pontos, para 13 itens que se centram nas características e perceções de liderança comunitária em torno de 3 dimensões: «Eu», «Eu com os Outros» e «Eu na Comunidade».
Grupos Focais
Dois guiões semiestruturados foram preparados para orientar a discussão relativamente ao desenvolvimento pessoal, comunitário e vocacional dos participantes nos últimos meses. Foram dinamizados 3 grupos focais: 2 grupos focais com o GI (N=9) e 1 com o CG (N=4).
Procedimento geral
Para a coleção de dados, foram aplicados consentimentos informados. No caso dos dados quantitativos, a recolha foi feita telematicamente: no caso do QIISP, usou-se o Google forms e, no caso do SSES, foi usada uma plataforma da RM Assessment Master. Os dados qualitativos foram recolhidos em sessões de 45 minutos, viabilizadas através da plataforma Zoom.
Procedimentos na análise de dados
Os dados quantitativos foram analisados utilizando o programa Excel e o IBM Statistics SPSS versão 27. No SPSS analisou-se a distribuição da normalidade, concluindo-se estar perante uma distribuição não normal, pelo que foram utilizados testes não paramétricos para a exploração dos resultados. Os dados dos grupos focais foram transcritos e analisados por temáticas que constituem as categorias concetuais do programa.
Resultados quantitativos
Análise ao SSES – Study on Social and Emotional Skills
Foi possível observar, na dimensão do Self, que o GI obteve melhores cotações nas dimensões de adaptabilidade, comunicação, resiliência e resolução de problemas; o GC obteve resultados superiores em autorregulação. Na dimensão dos pais/familiares, pôde verificar-se uma atribuição superior em todas as categorias, relativamente às dos participantes. O GI, na avaliação dos pais/familiares, obteve cotação inferior em duas categorias, adaptabilidade e autorregulação. Vale a pena salientar que o GC é constituído por elementos que se candidataram ao programa, mas que não foram selecionados, o que poderá ter relação com os dados observados na análise dos resultados dos participantes e dos seus familiares, no que se refere à capacidade de se autorregularem e adaptarem. Na dimensão dos amigos, as cotações são semelhantes à dimensão dos pais, encontrando-se a maior discrepância na categoria de autorregulação, em que o GI obtém maior cotação do que o GC. Na categoria de comunicação, também se verifica que o GI pontua abaixo do GC. Na generalidade, a categoria resolução de problemas é a melhor cotada e a resiliência é a menos bem cotada. A dimensão do Self é a que se avalia mais baixo.
Análise ao QIISP – Questionário Inicial de Impacto em Sistema Pessoal
A análise ao pré-teste QIISP demonstrou que o GI sente possuir uma forte rede de apoio (M= 2,64; DP= 0,61) e que se sente motivado em relação ao seu futuro profissional (M= 2,49; DP= 0,73), carecendo porventura de conhecimento relativamente aos seus talentos (M= 1,95; DP= 0,68) e a formas de apoiar na resolução de problemas das suas comunidades (M= 1,67; DP= 0,66). O GC considera ter também uma forte rede de apoio (M= 2,69; DP= 0,71), sendo capaz de lidar com os acontecimentos do quotidiano (M= 2,41; DP= 0,57). Porventura, estes jovens sentem-se menos capazes de fazer a diferença nas suas comunidades (M= 1,83; DP= 0,89) e também se consideram pouco conhecedores das formas como podem apoiar na resolução de problemas das suas comunidades (M= 1,59; DP= 0,73).
Foi efetuada uma comparação de médias, utilizando-se o Teste Mann-Whitney, verificando-se diferenças estatisticamente significativas na variável «Capaz de fazer a diferença na tua comunidade» (U= 1170,000; p= 0,027), com o GI a atribuir significativamente mais (M= 2,21) a essa variável em comparação ao GC (M= 1,83). Para este dado, pode também ter contribuído o processo de seleção, onde os participantes do GI sobressaíram nas atividades orientadas ao impacto social.
Análise qualitativa
Com a análise qualitativa foi possível abordar as temáticas com mais profundidade, apresentando-se, de seguida, as perceções do GI sobre os impactos do programa até ao momento.
Construção do «EU»
Os participantes referem que o programa tem proporcionado oportunidades de construção de conhecimento pessoal, sentindo-se mais competentes na gestão emocional e reconhecendo ter desenvolvido competências generativas. A sua narrativa tem sido reforçada pelo incremento do sentido de identidade e por uma maior capacidade de projeção no futuro, a qual se tornou mais otimista e positiva. No plano do desenvolvimento vocacional, os jovens mencionam a influência do programa na clarificação dos seus valores, interesses e competências e referem, ainda, o incremento motivacional face ao curso académico que frequentam.
Dimensão «Eu com os outros»
Na dimensão «eu com os outros», os participantes relatam mudanças atitudinais (componente afetiva, cognitiva e comportamental): dizem valorizar e cuidar mais das suas relações, sentindo-se mais assertivos e calmos. O facto de o programa ser sistemático e intencional no reforço da rede de relações dos jovens, nomeadamente a partir de estímulos lançados à ação conjunta, parece cumprir um papel relevante tanto no plano da qualidade das dinâmicas relacionais, como no próprio incremento do papel de liderança orientada ao impacto social. Com efeito, estudos demonstram que a discussão de eventos em casa, bem como a interação entre a participação prévia de estudantes em cursos de aprendizagem-serviço e esse tipo de discussão exerce uma influência significativa sobre o envolvimento comunitário (Rebori, 2019).
Dimensão «Eu na Comunidade»
Relativamente à dimensão «eu na comunidade», os formandos reportam um conhecimento mais aprofundado das problemáticas sociais, um incremento do sentido de agência, maior abertura à novidade e à diversidade. As experiências imersivas em diferentes instituições e contextos da comunidade não só viabilizam um maior conhecimento sobre uma diversidade alargada de problemáticas, como também os faz ter maior noção do que os mobiliza em termos de missão social. Os jovens salientam, ainda, a intenção de fazer perpetuar o seu papel ativo enquanto cidadãos e a forte vontade de participação social nas suas comunidades, também através da sua atividade profissional.
Discussão
Transcorrida metade do plano de intervenção, é possível verificar efeitos positivos do programa nas perceções de bem-estar, autoeficácia e agência dos participantes, associadas a emoções positivas e à vontade de se projetarem no futuro. Em termos de impacto, estas perceções parecem ser particularmente relevantes entre millennials, já que parecem ter influência sobre o modo como se orientam nas suas comunidades, estabelecendo a diferença entre um evento voluntário único e as bases para um ethos de envolvimento, que pode levar a atos sustentados e contínuos (Pancer, 2015).
A Teoria Integrativa do Envolvimento Cívico de Pancer (2015), refere a importância que assumem no processo os resultados, tanto a nível individual – com o aumento do sentido de eficácia e o desenvolvimento de habilidades – como a nível sistémico – com a perceção de um papel na mudança social ou numa democracia fortalecida. Com efeito, os participantes da UD relatam a sua capacidade de envolvimento comunitário, sentindo-se envolvidos e com poder influência, tanto no plano distal – sociedade –, como proximal – os seus mais íntimos. E é na combinação de valores, motivações, competências e conhecimentos que se sentem capazes de ser e gerar a diferença (Ehrlich, 2000).
Os resultados dos pós-testes, associados à observação de desempenho e entrevistas aprofundadas permitirão um refinamento destas análises, permitindo o estabelecimento de associações entre os efeitos e dimensões particulares do programa, nomeadamente no que se refere às suas opções processuais, de conteúdo e estratégicas. Eventuais limitações da análise poderão dever-se ao número reduzido do GC por comparação ao GI.
Conclusão
O plano da U.DREAM para «mudar o mundo» passa, pois, pelo apoio sistemático ao reconhecimento da voz e do olhar pessoal na abordagem à comunidade, às suas problemáticas e necessidades, reposicionando o valor do «sonho» na narrativa individual e coletiva. Com efeito, é um «sonho» concretizado em equipa que reconfigura o lugar do outro junto daqueles cujo desejo é realizado, ao mesmo tempo que cumpre um papel transformador naquele que ajuda. Este jovem reconhece-se como par fundamental para o impacto, pela idiossincrasia que aporta e que o programa vai ajudando a percecionar, com efeitos para o desenho da própria vida num projeto de escala coletiva. E é nesta apropriação de si que o líder encontra os rudimentos do seu papel. É, ao mesmo tempo, no contexto de um grupo de pares, com motivações semelhantes e tantos interesses e talentos distintos, que esse líder reconhece o poder de uma abordagem distribuída ao impacto social, procurando ele mesmo ser fonte de inspiração ou mesmo role model de outros ao seu redor. Como nos propôs Freire (1989), a educação transformadora gera condições para o surgimento de agentes multiplicadores que partilham os mesmos ideais, envolvidos em missões semelhantes contra as condições que geram as marginalizações e problemáticas sobre as quais estes jovens procuram atuar.
Todo o processo de intervenção da U.DREAM procura ser coerente, no sentido de facilitar o acesso a experiências capazes de levar à exploração pessoal, à tomada de perspetiva, ao insight e à construção de quadros de significação com valor para o próprio e para aqueles que com ele fazem mundo, reconhecendo, tal como Illich (1970), que a aprendizagem é resultado da participação aberta em situações significativas.
Referências
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