O III Encontro Internacional “Sinergias para a Transformação Social” arrancou na manhã do dia 6 de julho de 2023 na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto.

Depois da abertura institucional, Alberto Melo (APCEP – Associação Portuguesa para a Cultura e Educação Permanente), Oscar Jara (Consejo de Educación Popular de América Latina y el Caribe) e Isabel Menezes (CIIE) deram voz ao primeiro diálogo (Des)Instalador “Educação e Intervenção Social: Olhando a Partir do Político”.

O educador popular, Oscar Jara, acredita que a educação é essencialmente política, porque está relacionada com relações de poder. Não existem pensamentos neutros, por isso convém perceber que tipo de relações de poder queremos construir a partir dos modelos educativos. Na sua opinião, estes modelos precisam de incluir paradigmas de solidariedade e de diversidade, elementos que irão constituir uma educação libertadora, capaz de nos libertar do que nos oprime, mas também capaz de libertar as nossas capacidades e potências. “Porque a história é sempre uma possibilidade (…)”.

Alberto Melo, chamou atenção para o desaparecimento do conceito de educação permanente, estando hoje as pessoas cada vez mais reféns da “obrigação de ser empregáveis”, mas aponta enquanto esperança a educação não formal transversal a todas as formas de vida, capaz de ultrapassar o antropocentrismo e instaurar uma revolução Copernicana.

Depois de uma breve pausa, os “trabalhos” retomaram através de uma Oficina, facilitada pelo Professor e pelo ativista Momodou Sallah, que levantou a questão de como os académicos do norte global podem descolonizar as práticas educativas a partir do Sul Global.Além desta oficina, realizou-se, em simultâneo, várias comunicações orais, onde foram abordados vários questionamentos, nomeadamente como podemos mobilizar o conceito da Democracia em ED (Educação para o Desenvolvimento).

A tarde do primeiro dia começou com mais um diálogo (des)instalador, Ana Larcher (GENE – Global Education Network Europe); Sérgio Guimarães (Camões, I.P.), Ana Patrícia Fonseca (Plataforma Portuguesa das ONGD) e Alexandra Sá Costa (CIIE) debateram o lugar da Educação para o Desenvolvimento e Cidadania Global e Políticas Públicas.

Posteriormente, abriu-se um novo círculo de aprendizagens, constituído por oficinas; comunicações orais; painéis temáticos e (des)instalações.

E, para terminar, foi facilitado um momento de sistematização do dia, que colocou a educação enquanto processo de reflexão crítica sobre o mundo, necessário à interpretação da realidade local e global. Nas palavras de Paulo Freire, citadas ao longo deste momento de encerramento, os processos educativos são “ter esperança em esperançar”. A Educação é interpretada enquanto um salto civilizacional, onde os processos são mais importantes do que os produtos.

O segundo dia do encontro (7 de julho) arrancou com um Diálogo (Des)instalador sobre Políticas Educativas para a Transformação Social.

Danielle Araújo (CES-UC), quando questionada sobre o papel que a academia e a sociedade civil podem ter na construção de políticas públicas para a transformação social, salienta o peso da tradição colonial na Academia. Na sua visão, este peso ativa lógicas dominantes que acabam por originar em processos de marginalizarão de determinadas vozes e de determinados corpos.

Graça Rojão (CooLabora CRL ) , respondeu à mesma questão com uma outra interrogação: “Qual o horizonte utópico que nos anima para a transformação social?” Precisamos de definir o horizonte que queremos superar e as limitações que precisamos de enfrentar. Salientado, que o capitalismo e o patriarcado, criaram novas formas de subordinação, onde é difícil “escapar” à reprodução estrutural.

De seguida, abriu-se espaço para o terceiro Círculo de aprendizagens composto por oficinas, papéis temáticos e comunicações orais.

A tarde do segundo dia continuou muito preenchida, entre várias oficinas e círculos de aprendizagens.

O dia chegou ao fim com o último diálogo (des)instalador do III Encontro Internacional “Sinergias para a Transformação Social”, que tentou fazer um resumo dos principais temas, ideias e conceitos explorados ao longo destes dois dias.

As vozes que ocuparam este último momento, foram Gil Pereira (Famalicão em Transição); Marta da Costa (The University of Manchester); Oscar Jara (Consejo de Educación Popular de América Latina y el Caribe); Vanessa Marcos (Rede Indicar e ATES- Universidade Católica Portuguesa (UCP) e João Caramelo (CIIE).

Gil Pereira alertou para a necessidade de construção de utopias alternativas, que consigam criar oportunidades para o sonho existir. Na sua opinião, são os sonhos que guiam a transformação social.

Marta Costa chamou atenção para a necessidade de construção de uma nova genealogia de problematizações, na sua opinião, precisamos de levantar novas questões para conseguirmos obter novas respostas e novas abordagens críticas. Deixando a salvaguarda que estes novos questionamentos além de pluralismo devem garantir um pluricentrismo.

Óscar Jara apresentou 4 caminhos para a transformação social, o primeiro dedicado à mobilização de inter agendas e inter movimentos; o segundo relacionado com as políticas públicas, precisamos de assumir nestas políticas alternativas e abrir novas possibilidades através da união de diversidades; o terceiro incidiu na importância da participação juvenil nestes processos de transformação e, por fim, o quarto caminho prende-se pela consciência de que os processos de mudança estão sempre acompanhados de resistências de mudança.

Vanessa Marcos deixou três ideias chaves destes dois dias de encontro. A primeira relacionada com a Intencionalidade, como fazemos as coisas e para quem as fazemos… A segunda com a Intemporalidade, ou seja, a discussão de assuntos do passado, pode perpetuar um passado presente e, por fim, a última ideia, está relacionada com o diálogo, precisamos de nos perguntar que tipo de diálogos queremos promover? E ter sempre presente que a oralidade é um lugar de afeto, e, por isso, convida-nos a resgatar histórias para criação de conexões e utopias coletivas.

 

 

 

 

 

 

 

Muito obrigada a Todas/os. Foram dois dias completos, de inspirações, de partilhas e de conhecimentos.

Juntos/as pela Transformação e Justiça Social.

Published On: 08/07/2023

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