Instituições (OSC e IES) envolvidas: Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto (ESE.IPP), Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto (CEAUP), Centro de Investigação e Intervenção Educativas da Universidade do Porto/Faculdade de Letras da Universidade do Porto (CIIE/FLUP), Rosto Solidário, Rede Inducar, Centro de Investigação para o Desenvolvimento Humano da Universidade Católica do Portuguesa (CEDH-UCP).

Nome das pessoas envolvidas: Andreia Soares, Filipe Martins, La Salete Coelho, Luís Grosso Correia, Paulo Costa, Tânia Neves, Teresa Martins e Vanessa Marcos.

Data de elaboração do registo: 25.02.2018

Palavras-chave: Educação para o desenvolvimento; Educação para a Cidadania Global; Educação não-formal; Educação formal.

 
 

Contexto da situação

Ação colaborativa: encontro dirigido a professores/as, educadores/as, colaboradores/as de Organizações da Sociedade Civil e animadores/as socioculturais

Data de realização do evento: 04.11.2017

O Encontro decorreu na Escola Superior de Educação do Politécnico doPorto, no dia 4 de novembro de 2017, e contou com 20 participantes, dos quais mais de 60% se identificaram como representantes do contexto educativo formal, cerca de 20% afirmaram integrar Organizações da Sociedade Civil (OSC) e outros 20% designaram-se como Autoridades Locais. Das diferentes pertenças sectoriais, destaque para a Universidade do Porto, o Agrupamento de Escolas de Barroselas, a Escola Secundária de Rio Tinto, o Ministério da Educação, a Câmara Municipal de Baião e a Câmara Municipal do Porto, a Cativabónus-Med Seguros, Ldª, a Universidade do Estado de Santa Catarina e a Associação “O Meu Lugar no Mundo”.

Reconhecendo a natureza multidimensional da Educação para o Desenvolvimento (ED), da Educação para a Cidadania Global (ECG) e o seu enfoque na compreensão das problemáticas sociais atuais em prol de uma ação transformadora, importa problematizar estas temáticas e o respetivo desenvolvimento de práticas em diversos contextos de aprendizagem. Não obstante a pluralidade conceptual existente e assumindo, desde logo, a Educação enquanto ação em permanência, considera-se fundamental promover processos de reflexão e discussão crítica sobre os diversos conceitos, as suas dimensões e as práticas, mobilizando e envolvendo, de forma participada, atores de educação em representação de Instituições do Ensino Superior (IES), de centros de investigação e de OSC.

Com o intuito de contribuir para um diálogo sinérgico entre diferentes contextos de aprendizagem, o Encontro “Educação para o Desenvolvimento e para a Cidadania Global: desafios e propostas em diferentes contextos educativos” visou:

  • Aprofundar a compreensão do conceito de ED/ECG junto de atores de educação, favorecendo a sua reflexão e integração nas práticas profissionais;
  • Refletir sobre a relação entre a ED/ECG e a Educação Formal e Não Formal;
  • Incentivar e dinamizar momentos de partilha de experiências e práticas de ED/ECG, numa lógica de aprendizagem entre pares e em contexto de diversidade.

Para o efeito, o Encontro foi estruturado em torno de duas linhas orientadoras: i) A ED/ECG nos programas curriculares: limites, alcances e potencialidades (Oficina 1); ii) ED/ECG em contextos de Educação Não Formal: oportunidades e desafios (Oficina 2), complementadas por duas sessões plenárias, com o propósito inicial de problematizar conceitos e significados subjacentes à temática em questão, bem como de apresentar algumas considerações analíticas e de síntese acerca das reflexões e das experiências partilhadas pelos e pelas participantes e das aprendizagens construídas, em coletivo, e em contexto de diversidade.

Considerando que a familiaridade e a apropriação das temáticas da ED/ECG, bem como a sua aplicação prática podem divergir entre as IES e as OSC, e mesmo no seu seio, este evento procurou, a partir do recurso a métodos ativos e participativos, proporcionar um espaço de reflexão, de partilha e debate de conhecimentos e de experiências, em contexto de diversidade, e de experimentação, facilitadores de uma aprendizagem mútua e de (des)construção conjunta.

 

Relato

“Ensinar não é transferir conhecimentos, mas sim criar as condições para a sua produção”

(Paulo Freire)

Desde logo, o Encontro começou com uma proposta de aprendizagem experiencial, encarada como exercício para a promoção de uma reflexão partilhada em torno da temática em debate. A partir de uma atividade de simulação, intitulada “Corrida pela riqueza e pelo poder” (Conselho da Europa, 2012), os e as participantes foram desafiados a pensar sobre o mundo em que vivemos, tendo por base o triplo objetivo de: i) desenvolver a compreensão sobre as injustiças que resultam da distribuição desigual da riqueza e do poder; ii) desenvolver o pensamento crítico e iii) promover o respeito pela dignidade humana bem como a noção de justiça.

No seguimento desta atividade de reflexão crítica e experiencial, decorreu a Sessão Plenária 1 – “Apontamentos sobre Educação para o Desenvolvimento e para a Cidadania Global em diferentes contextos educativos”, a qual englobou, de forma intrinsecamente articulada, três intervenções:

  • “Vamos falar sobre Educação para o Desenvolvimento e para a Cidadania Global”, por Teresa Martins – ESE.IPP;
  • “Educação Não Formal”, por Filipe Martins – CEDH-UCP;
  • “Oportunidades da Educação para o Desenvolvimento em contextos de educação formal”, por Maria José Neves – Direção Geral da Educação.

Foto: Bernadett Mészáros.

 

Foto: Bernadett Mészáros.

 

De salientar que as perspetivas abordadas nas intervenções referidas não esgotaram, naturalmente, o debate em torno da temática em questão. Ainda assim serviram quer de problematização teórico-conceptual, quer de enquadramento às Oficinas, encaradas como contextos de facilitação de processos de aprendizagem conjunta e mútua, capazes de potenciar a partilha e o debate crítico de experiências dos e das participantes e das suas organizações de representação, procurando salvaguardar as respetivas especificidades, bem como identificar elementos de complementaridade. De salientar a presença de um interlocutor, com o papel de observador, nas Oficinas realizadas.

Neste momento do Encontro, os e as participantes dividiram-se, então, pelas duas Oficinas organizadas à luz das duas linhas orientadoras do Encontro, que se realizaram em simultâneo. Na Oficina 1, denominada por “A ED/ECG nos programas curriculares: limites, alcances e potencialidades”, foi primeiramente solicitado aos e às participantes que identificassem, a partir dos seus interesses e experiências profissionais, temas gerais relacionados com a Educação para o Desenvolvimento e para a Cidadania Global de âmbito escolar. Os temas e as perguntas gerais que surgiram, foram:

  • Educação de Infância e novas reformulações do currículo;
  • Como fazer da escola mais um lugar natural do mundo?;
  • Como fazer Educação para a Cidadania, em articulação com outros domínios?;
  • Sustentabilidade ambiental;
  • A ECG exige trabalho colaborativo entre professores. Como fazer isto?;
  • Desafio e procura de coerência entre pressupostos teóricos e práticos em ED;
  • Ambiente e responsabilidade social;
  • Desigualdades sociais e ambiente;
  • Espaços para pensar o papel transformador da escola;
  • Ensino agrícola/ambiental nos países lusófonos (PALOP e Timor-Leste);
  • Educação sobre Direitos Humanos e igualdade de género;
  • Mobilização para a ação;
  • Papel/missão da escola/professores enquanto agente de transformação social;
  • Dar resposta diferenciada às famílias com acompanhamento de uma equipa multidisciplinar.

A partir destas questões e de uma primeira categorização temática, organizaram-se cinco pequenos grupos de trabalho. O objetivo deste segundo exercício consistiu, sob a lógica uma de experiência comum de aprendizagem de Educação para o Desenvolvimento e para a Cidadania Global, de âmbito escolar, em desafiar os e as participantes a identificar e a desenvolver uma proposta de programa educativo, considerando: i) objetivos e tema(s); ii) duração; iii) métodos e atividades; iv) aprendizagens (e resultados).

Os resultados do exercício foram muito diversos, trazendo à reflexão final relevantes contributos conceptuais e também metodológicos sobre o papel, a forma, os pressupostos e desafios da Educação para o Desenvolvimento e para a Cidadania Global no contexto educativo formal, particularmente integrados nas propostas antes avançadas.

Nesta Oficina, esteve presente, na qualidade de observadora, Margarida Fernandes, professora do 3.º Ciclo e membro da Rede de Educação para a Cidadania Global.

No que diz respeito à Oficina 2, dedicada ao tema “ED/ECG em contextos de Educação Não Formal: oportunidades e desafios”, procurou-se, inicialmente, promover a partilha de reflexões e recolher os comentários e as aprendizagens dos e das participantes até àquele momento do Encontro. De forma geral, o contributo dado refletiu:

  • A tomada de consciência do potencial mais ou menos latente de uma maior proximidade entre a Educação para o Desenvolvimento e para a Cidadania Global, a Educação Não Formal  e mesmo a Educação Formal e a importância de tirar partido desse potencial: “Aprofundar a relação entre a educação não formal e o desenvolvimento para a cidadania global. Articulação entre os diferentes documentos orientadores: metas, perfil do aluno e as estratégias para o sucesso e a cidadania”; “A tomada de consciência da sociedade, sobretudo dos mais jovens, pela educação não formal deve ser um imperativo a ter em conta. É necessário desformalizar, em alguns contextos, matérias de interesse global”; “Educação formal e não formal podem ser complementares. É uma ação voluntária e é preciso motivação por parte dos participantes. Uma atividade ou intervenção de educação não formal podem ser trabalhados ao nível dos valores de educação para a cidadania global”.
  • A perceção de que a Educação Formal pode oferecer obstáculos à ED/ECG, por oposição à Educação Não Formal: “Educação Não Formal: mais liberdade, autonomia, menos enquadramento. Educação Formal: ainda com um modelo tradicional, mais rígida, mais limitante”;
  • O reconhecimento pela relevância deste tipo de eventos: “ED como campo aberto que tem espaço no panorama atual (Portugal, Mundo); Complexidade inerente, necessidade de espaços de reflexão como este”;
  • Valorização do conhecimento vindo de diferentes tipos de experiência: “Conhecimento vem das formas mais imprevisíveis”.
  • A manifestação de interesse em saber mais sobre estas matérias: “Curiosidade de ler sobre projetos de Educação Não Formal que estejam a ser postos em prática; Ver melhor a forma como a educação para o Desenvolvimento está a ser posta em prática nas escolas e como posso adaptá- -la ao projeto”; “Que tipo de coisas estamos a fazer enquanto educação não-formal?”; “Vontade de aprender e conhecer mais. Conceitos ainda muito abstratos”; “quero saber mais exemplos de como a educação não formal opera nas escolas, porque eu acho que é a melhor maneira”.

Posteriormente, solicitou-se aos e às participantes que identificassem experiências (projetos e/ou atividades) de ED/ECG em contextos de Educação Não Formal em que estivessem ou tivessem estado envolvidos, ou ainda que conhecessem. Tomando como referência as suas aprendizagens, decorrentes dessas mesmas experiências, cada grupo de trabalho foi desafiado a descrever (Quadro 1), sucintamente, as seguintes componentes: i) especificidades; ii) oportunidades/mais-valias; iii) desafios.

Nesta Oficina, esteve presente, na qualidade de observador, Jorge Cardoso, educador e membro da equipa de Cidadania Global e Desenvolvimento da Fundação Gonçalo da Silveira.

Quadro 1. Sistematização dos trabalhos em grupo

Após a realização das Oficinas, convidaram-se os e as participantes a assistirem à Sessão Plenária 2 – “ED/ECG: propostas e desafios em diferentes contextos educativos”, dinamizada pelos dois observadores convidados e a qual constituiu um exercício de síntese em torno da agenda do Encontro e sobretudo do trabalho desenvolvido nas Oficinas. Neste sentido, destaque para o interesse que a temática despertou nos e nas participantes, tanto os que têm os seus percursos profissionais mais próximos da Educação Formal como os que estão ligados a outros contextos educativos (ONG, Autarquias, entre outros).

De igual modo, foi evidenciado que espaços de encontro, de partilha e de discussão entre diversos atores de diferentes contextos educativos, são uma mais-valia para todos estes e estas profissionais, pelo que a expectativa de levar deste Encontro novas formas de fazer (ferramentas) e novos conhecimentos marcou, também, o desenvolvimento dos trabalhos e a partilha que foi acontecendo ao longo do processo.

Alvo de nota positiva foi, ainda, a abordagem metodológica operacionalizada no Encontro, em concreto o recurso, em alternância, a diversos métodos (expositivos e ativos, tais como trabalhos de grupo), reconhecendo-se que terá contribuído para a promoção de aprendizagens. Com efeito, foi salientado pelos e pelas participantes que houve oportunidade para uma aproximação a conceitos centrais discutidos no Encontro (Educação Não Formal, Educação Formal, ED/ ECG), os quais conduziram a outras questões e temas do interesse específico dos e das participantes. Por conseguinte, acredita-se que neste Encontro terá existido a oportunidade de se promover uma reflexão orientada, objetiva e mais focada, a partir de abordagens mais holísticas, sistémicas, numa articulação necessária, mas nem sempre fácil de se fazer.

Importa, também, referir que a sensação manifestada, no final do Encontro, acerca das muitas questões às quais seria pertinente dar continuidade e aprofundar, evidencia a curiosidade e a inquietação que este espaço de diálogo e de reflexão crítica proporcionou. Neste sentido, esta terá sido uma experiência de ED/ ECG, ainda que condicionada pelo fator tempo, considerando a quantidade de material que foi surgindo para discussão por parte dos e das participantes.

Em súmula, e segundo a perceção do observador e da observadora presentes nas sessões de trabalho realizadas, o Encontro foi muito interessante e rico, apesar do tempo ter sido manifestamente reduzido tendo em conta a complexidade, a diversidade e a densidade dos conteúdos que se pretendia abordar. Assim sendo, o Encontro terá tido como grande virtualidade o facto de lançar novos desafios que se relacionam com pontos vários, designadamente:

  • A avaliação/ aferição de resultados ou de aprendizagens em atividades e propostas educativas de ED/ ECG, nomeadamente em contexto escolar? De quem? Impactos ou processos? Qualidade da intervenção? E o valor da experimentação?;
  • A definição do que é e do que não é ED/ ECG, os limites e as contradições que podem emergir neste domínio;
  • Os conceitos de mudança e transformação social, os quais surgiram ao longo do dia de trabalho, e cujo desafio passa por compreender: i) de que mudança se fala; ii) se teremos todos e todas o mesmo entendimento acerca destes conceitos.

Análise dos dados da Avaliação

A Avaliação Final do Encontro foi realizada através de um inquérito por questionário enviado aos e às participantes inscritas, num total de 11 respostas recolhidas. Apresentam-se, em seguida, os principais dados obtidos.

  1. Natureza da entidade pela qual participou no Encontro (Figura 1): da análise efetuada às respostas obtidas, conclui-se que a maior parte dos e das participantes (63,6% – 7) trabalha no contexto educativo formal.

Figura 1 – Natureza Institucional

 

2. Participação no Evento (Figura 2): verificou-se que grande parte dos e das participantes esteve presente durante todo o Encontro. No entanto, saliente-se que 27,3% (3) dos respondentes afirmou ter estado presente apenas da parte da manhã, o que constitui um dado importante para o processo de análise e de reflexão de eventos desta natureza.

Figura 2 – Participação no Encontro

3. A estratégia de conhecimento do Encontro (Figura 3): apurou-se o registo de diversas formas, sendo de reconhecer a importância da rede de contactos pessoal na divulgação de eventos (54,5% – 6). De referir, ainda, que do total de respondentes, 18,2% (2) identificou a instituição como fonte de disseminação da informação, 9,1% (1 ex aequo) indicaram as redes sociais e o CIREP – Centro de Informação e Relações Públicas.

Figura 3 – Estratégia de tomada de conhecimento do Encontro

 

4. Aspetos relativos ao Encontro (Figura 4): das diversas categorias apresentadas, apurou-se que a esmagadora maioria considerou os objetivos do Encontro «Bons» (27,3% – 3) ou «Muito Bons» (63,6% – 7), o que revela que foram, genericamente, ao encontro das expectativas e dos interesses dos e das participantes. Relativamente ao Programa, apesar de 9,1% (1) dos e das participantes ter avaliado este aspeto como «Insuficiente», os restantes 91,0% (10) inquiridos consideraram-no positivo, entre o «Suficiente» (9,1% – 1), «Bom» (36,4% – 4) e «Muito Bom» (45,5% – 5), do que se conclui que a estratégia de alternância entre momentos de envolvimento participativo (Oficinas) e de apresentação mais expositiva de conteúdos (Sessões plenárias) foi apreciada pelos e pelas respondentes.

Note-se que no que diz respeito à estratégia metodológica operacionalizada, foi maioritariamente avaliada como «Boa» (63,6% – 7). Este resultado deve ser alvo de reflexão sobre a abordagem metodológica implementada neste tipo de eventos, de forma a poder corresponder efetivamente às expectativas dos e das participantes. As respostas obtidas relativamente ao aspeto do espaço para reflexão, variam desde o «Insuficiente» (18,2% – 2) até ao «Bom» (45,5% – 5) e ao «Muito Bom» (27,3% – 3), pelo que deverão ser alvo de uma reflexão mais aprofundada no sentido de serem tidos em consideração na organização de eventos desta natureza no futuro.

Figura 4 – Aspetos do Encontro

 

Considerando a duração do Encontro (Figura 5), apurou-se que foi claramente insatisfatório, atendendo a que 36,4% (4) dos inquiridos e das inquiridas classificou este aspeto como «Insuficiente», 27,3% (3 ex aequo) como «Bom» e «Muito Bom». Este resultado também deverá ser alvo de uma reflexão específica. De salientar que a falta de tempo foi, também, percecionada pela equipa organizadora do evento. Note-se, ainda, que os e as respondentes avaliaram positivamente as instalações (o local do Encontro), em concreto classificaram-no como «Bom» (36,4% – 4) e «Muito Bom (63,6% – 7), bem como o momento de pausa e almoço, com 63,6% (7) dos inquiridos e das inquiridas a classificar este aspeto como «Muito Bom» e 18,2% (2) como «Bom».

Figura 5 – Aspetos do Encontro

5. O Encontro correspondeu às suas expectativas? Relativamente à pergunta e à sua justificação, as nove respostas obtidas evidenciaram um cenário positivo, ao referirem que o Encontro abordou temas que interessam a quem leciona pela primeira vez a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento e que permitiu conhecer pessoas com experiências interessantes. De igual modo, correspondeu às expectativas dos e das respondentes pelo tema e metodologia, bem como pela pertinência e contextualização da temática.

No entanto, os e as respondentes, declararam que: i) faltou tempo para concluir alguns assuntos; ii) gostariam que se tivesse aprofundado mais a ligação entre Educação Não Formal e ED/ECG; iii) não houve possibilidade de participar nos dois workshops; iv) houve pouca disponibilidade temporal para a apresentação e/ou discussão dos desafios e propostas a que o Encontro se propunha; v) consideraram que o evento seria mais focado em formas de fazer, de facto, atividades sobre Desenvolvimento e Cidadania global e não tanto na definição dos conceitos.

6. O Encontro motivou-o/a e deixou pistas novas para a sua área de intervenção? Porquê? Das nove respostas positivas obtidas, foram apresentados os seguintes elementos justificativos:

  • momento para esclarecimento de dúvidas;
  • oportunidade de partilha de boas práticas;
  • conhecimento alcançado sobre as formas de fazer dos diferentes projetos suscitou vontade de estar em mais Encontros e aplicar algumas das coisas que se aprenderam nos contextos profissionais;
  • promoção de contacto com conceitos/ideias válidos para relacionar com outras áreas de atuação profissional;
  • contacto com atividades e dinâmicas;
  • oportunidade de fazer novos contactos;
  • conhecimento de outras realidades/experiências, principalmente no que toca à Educação Não Formal;
  • motivação criada para o aprofundamento concetual e compreensão da conceção ideológica assim como da sua exequibilidade em contexto educativo da educação de infância;
  • partilha de recursos e bibliografia;
  • ampliação da visão sobre educação e as múltiplas formas de intervenção.

O campo dedicado a comentários e/ou sugestões foi preenchido por quatro participantes, dos e das quais se transcreve a seguinte contribuição:

  • “Sugiro mais encontros, com mais tempo para debater e mais foco nos objetivos do mesmo”;
  • “Penso que seria interessante uma continuidade deste encontro. Sem perder a oportunidade para refletir em conjunto, em modelo de oficina como aconteceu neste encontro, penso que se poderia investir na demonstração de projetos de Educação para o desenvolvimento e cidadania global, quer em contexto de educação não formal, quer formal”;
  • “Seria interessante uma focagem mais mundial (como o título sugeria, mas que nalguns casos foi reduzida a uma dimensão nacional) e agarrando questões difíceis como formas de fazer guerra à guerra, num esforço para tornar mais difícil fazer e alimentar guerras, geralmente criminosas e em benefício dos mais poderosos a expensas dos mais fracos”;
  • “Atividades mais focadas em como implementar atividades nesta área, em diferentes contextos e com públicos diferentes. Ver talvez exemplos concretos de como isto está a ser feito em diferentes escolas, espaços, ou grupos. Discutir formas de avaliar o impacto das atividades que são dinamizadas.”

Aprendizagens…

Considerando que “[a]s experiências são processos complexos onde intervêm uma série de factores objectivos e subjectivos que se interligam” (Holliday, nd), importa neste ponto identificar algumas aprendizagens decorrentes de um processo de compreensão dessas experiências e o qual nos permite identificar oportunidades de melhoria. Neste sentido, saliente-se identificamos as aprendizagens decorrentes quer do Encontro realizado, quer do processo colaborativo entre as entidades envolvidas:

…decorrentes do Encontro

  • A relevância do evento foi reconhecida pelos e pelas participantes, sendo valorizado pelos mesmos a agenda de ED e o conhecimento dos tópicos associados;
  • Perceção clara que existe terreno fértil junto de organizações/entidades que normalmente estão mais distantes da ED e que mostram interesse não só pela sua presença, mas também pelo seu feedback;
  • Verificou-se um interesse transversal sobre o tema, além das instituições ligadas tipicamente à ED (IES e ONGD). Foi notória a mobilização de novos (e/ou outros) públicos para a reflexão temática sugerida pela iniciativa, como autarquias, IPSS e associações juvenis;
  • O facto de o Encontro se ter realizado numa IES foi considerado pelos e pelas participantes uma mais-valia e um de fator de credibilidade, dado o enquadramento institucional;
  • Além das ONGD envolvidas na organização, nenhuma outra esteve presente no evento.

 

…decorrentes do processo colaborativo

  • Esta ação resultou do esforço e dedicação voluntária da equipa responsável, o que representa vários constrangimentos do ponto de vista da capacidade de não só se assegurar a sua realização, mas sobretudo da sua continuidade/seguimento;
  • Ainda que os elementos da equipa organizadora se tivessem empenhado na promoção e realização do Encontro, mantém-se a perceção de que um compromisso efetivo entre instituições apresenta algumas limitações;
  • Apesar de alguns elementos de OSC terem considerado a realização deste evento como uma tarefa extra ao seu trabalho quotidiano, alguns elementos de centros de investigação referiram que não sentiram tanto isso, talvez por este tipo de eventos estar inscrito, de alguma forma, nas responsabilidades dos centros de investigação;
  • Dificuldade em acolher as visões de todos os elementos da equipa organizadora, tendo em conta que não houve tempo para, de facto, construir caminho conjunto e de apropriação das decisões. A este respeito, note-se que a instabilidade de presenças nas reuniões contribuiu para um caminho marcado pela (des)construção, o que tornou difícil a existência de um historial comum. Ainda assim, o programa do evento resultou numa proposta muito coerente, com objetivos claros e concretizados em larga medida;
  • A grande parte dos e das participantes da equipa organizadora tem um percurso profissional em IES e OSC – podendo ser considerados elementos “híbridos”, como já se tinha refletido noutro momento do projeto Sinergias ED – o que facilitou o processo;

Atenda-se a respeito, a manifestação de interesse em acolher um Encontro semelhante, por parte da Câmara Municipal do Porto, numa lógica de continuidade da discussão crítica e participada da temática da ED/ECG.

Referências Biliográficas

  • Conselho da Europa (2012), “Compass: Manual de Educação para os Direitos Humanos com jovens”. [Consult. a 3 de novembro, 2017]. Disponível em: https://www.coe.int/es/web/compass
  • Holliday, Oscar Jara (nd), “Guia para Sistematizar Experiências”. In CIDAC (ed.), Sistematização de Experiências: aprender a dialogar com os processos. Lisboa: CIDAC. ISBN: 978-972-98158-7-4.

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