Julián de Marcos[1]Pós-graduado em Educação Social e Intervenção Comunitária da Escola Superior de Educação de Lisboa, do Instituto Politécnico de Lisboa.

Resumo:

O presente texto pretende analisar sinteticamente o contexto educacional multicultural do mundo globalizado, onde os encontros e conflitos entre culturas levam à necessidade de repensar a educação de uma forma inclusiva. O aumento de intercâmbios culturais nas nossas sociedades é, não só inevitável, mas também uma mais-valia para o desenvolvimento de processos educacionais dos indivíduos. Para proporcionar uma educação que inclua e potencialize a diversidade é preciso ver a cultura como um fenómeno dinâmico e gerar espaços de cooperação entre as diferentes componentes da sociedade. Desta forma, utilizando-se dos avanços tecnológicos em comunicação podem ser criadas pontes para que os indivíduos se encontrem entre si e se descubram ao conhecer novas perspectivas.

Palavras-chave: Multiculturalidade; Diversidade; Educação; Inclusão; Comunicação.

Abstract:

This text seeks to analyze synthetically the multicultural educational context of the globalized world, where encounters and conflicts between cultures lead to rethinking education with a more inclusive approach. The increasing cultural exchanges in our societies are not only inevitable, but also an added value for the development of individuals’ educational processes. To provide an education that includes and aims to promote diversity, it is necessary to see culture as a dynamic phenomenon and to generate spaces for cooperation between the different components of society. In this way, using the technological advances in communication bridges can be built for individuals to meet each other and discover themselves by getting to know new perspectives.

Keywords: Multicultural; Diversity; Education; Inclusion; Communication.

Resumen:

El presente texto pretende analizar sintéticamente el contexto educativo multicultural del mundo globalizado, donde los encuentros y conflictos entre culturas llevan a la necesidad de repensar la educación de una forma inclusiva. El aumento de los intercambios culturales en nuestras sociedades no solo es inevitable, sino también un valor añadido para el desarrollo de los procesos educativos de los individuos. Para proporcionar una educación que incluya y potencie la diversidad es necesario ver la cultura como un fenómeno dinámico y generar espacios de cooperación entre los diferentes componentes de la sociedad. De esta forma, valiéndose de los avances tecnológicos en comunicación pueden crearse puentes para que los individuos se encuentren y se descubran conociendo nuevas perspectivas.

Palabras clave: Multiculturalidad; Diversidad; Educación; Inclusión; Comunicación.

Introdução

Por mais que a migração seja um fenómeno milenário, nunca antes os movimentos de pessoas à volta do mundo foram tão diversos e complexos a nível culturais, étnicos, religiosos e linguísticos. A emigração de hoje dá-se com uma rapidez única e põe em questão conceitos chave como a cidadania, os direitos humanos, a democracia e a educação (Banks, 2004). Em 2019 o número de migrantes internacionais (pessoas que residem num país distinto da sua nacionalidade) alcançou quase os 272 milhões de pessoas por todo o mundo, 3,5% da população mundial, segundo a Organização Internacional das Migrações (OIM).

Não é novidade o facto de vivermos num mundo globalizado: as pessoas movem-se de uma parte do mundo a outra todos os dias, não nos surpreende comer comida japonesa em qualquer cidade e podemos aceder a música dos cinco continentes à distância de um click. Além disso, a internet proporcionou um crescimento exponencial neste fenómeno e em 2020, com a crise pandémica, as fronteiras culturais tornaram-se ainda mais difusas.

Em todas estas décadas vivendo na denominada Aldeia Global, a educação das crianças e jovens tem mudado em vários aspetos, no entanto, pelo menos na educação ocidental tradicional, há um longo caminho a percorrer para alcançar uma educação na qual a diversidade de culturas não seja apenas um contorno essencial, mas também uma mais-valia.

Pensar num mundo onde as diferenças étnicas, religiosas e ideológicas não existem é impossível. O prémio Nobel da literatura, Mario Vargas Llosa (2007) define a globalização como ‘um fenómeno do qual nada pode escapar’, sendo a diversidade inevitável, mas também imprescindível. No entanto, a globalização não é apenas um fenómeno que nos une e, segundo o Papa Francisco (2020), também paradoxalmente nos desconecta e diminui a capacidade empática: ‘A cultura do bem-estar anestesia-nos e perdemos a calma se o mercado oferece algo que não comprámos, apesar de todas essas vidas com dificuldades e falta de possibilidades parecem um mero espetáculo que não pode ser alterado de forma nenhuma’.

O desafio da educação é incluir todos os componentes de uma sociedade cada vez mais diversa através da criação de pontes entre as várias culturas, permitindo a aprendizagem e desenvolvimento pessoal de crianças e jovens.

Contextualizar a multiculturalidade

Para analisar a diversidade cultural na educação é preciso definir a cultura. Paulo Freire (1987) propõe o seguinte:

O Homem enche de cultura os espaços geográficos e históricos. Cultura é tudo o que é criado pelo Homem. Tanto uma poesia como uma frase de saudação. A cultura consiste em recriar e não em repetir. O Homem pode fazê-lo porque tem uma consciência capaz de captar o mundo e transformá-lo (Freire, 1987, p. 30-31).

Segundo este ponto de vista, a cultura é dinâmica, muda, transforma-se. Da mesma forma, a educação deve buscar adaptar-se às diversidades e contextos nos quais é implementada. No entanto, a educação não se deve adaptar ao Homem, limitando a sua capacidade de ação, mas sim fomentar e afirmar o Homem como Homem (Freire 1987). Por outras palavras, potencializar as capacidades de cada indivíduo valorizando-o como construtor de história.

Uma das primeiras barreiras para uma educação que valoriza e potencializa a diversidade cultural é o fato de ver os sujeitos como um público homogéneo, estático. Cordero Arce (2003) analisa com um olhar crítico como a conceção da Convenção dos Direitos da Criança (CDC), na qual se apresenta a ideia de criança enquadrada num contexto específico: o de sociedades hegemónicas, ou seja, apresenta-nos uma criança com valores e cultura ocidental numa lista de direitos que pretende ser universal.

A CDC não pode dissimular o modelo (hegemónico) de infância que consagra, implicando a exclusão do resto das infâncias, pois os direitos humanos, e com eles os direitos humanos das meninas e meninos, têm uma ancoragem claramente histórica, e como tal cultural. A CDC protege a infância (ocidental) hegemónica existente em 1989, ano de sua adoção, com a qual tampouco têm muito a ver as infâncias de nosso passado ocidental não tão remoto, no qual os mundos dos adultos e das meninas e meninos não estavam radicalmente separados, a aprendizagem informal era a norma, e o trabalho infantil estava integrado na vida social. Ou seja, a CDC consagra a protecção de uma infância particular, que surgiu há não mais de dois séculos, e apenas dentro de um espaço geográfico e cultural muito específico (i.e. Euroamérica).

Esta visão homogénea e rígida das crianças na educação que Cordero Arce (2003) denuncia na CDC acaba por dificultar a defesa da diversidade cultural e a luta pela igualdade de oportunidades. Além da CDC, como afirma Vargas Llosa na entrevista feita por Pinto (2007) e como assinala do mesmo modo Moreira (2001): a multiculturalidade é inescapável. Os vínculos entre diferentes culturas são gerados não importa quantos problemas possa ter a redação da CDC. A única coisa que se consegue com isto é talvez adiar o inevitável.

O ser humano respira multiculturalidade em praticamente todos os âmbitos da vida em sociedade. Não é necessário conhecer cara a cara outras culturas para ser influenciado por elas: a arte, a gastronomia, o desporto e os meios de comunicação são alguns dos responsáveis por isto.

A educação multicultural segundo a autora Meira Levinson (2010) é um meio para promover o desenvolvimento e a autonomia das crianças: dá-lhes um conjunto de novas opções para orientar as suas vidas, expandindo os horizontes de experiências e levando a refletir criticamente sobre o seu percurso, colocando as suas práticas e valores numa comparação exaustiva com outras alternativas/valores opostos.

Adicionalmente, Levinson (2010) apresenta quatro ideias que se conectam na sequência da implementação da educação multicultural e promoção do bem civil:

  • Os alunos tornam-se mais tolerantes ao aprenderem e contactarem com outras culturas;
  • A partir desta tolerância, é possível desenvolver o respeito pela diversidade;
  • Com o respeito, os indivíduos começam a estar mais abertos a considerar diferentes pontos de vista em discussões e debates; e
  • Ao conhecer diferentes pontos de vista, os cidadãos tendem a gerar uma consciência sobre o raciocínio por trás de ideologias, para além das diferenças religiosas e culturais.

Este caminho de reconhecimento, tolerância, abertura e valorização é vital para o desenvolvimento de um sistema educativo atual e adaptado à sociedade moderna. A abertura às ideias de outras culturas começa a evidenciar-se quando os alunos compreendem a diversidade étnica, ideológica e religiosa que os rodeia, e ao reconhecerem as diferenças nos outros, encontram também interesses e pontos em comum. Além disso, a compreensão das contribuições das diferentes culturas na história da nação do próprio é essencial para a promoção do respeito. Assim, com um pensamento aberto e diferentes perspetivas chegam a uma cooperação cívica (Levinson 2010).

Por sua vez, ao entender a diversidade cultural presente nas suas comunidades, os estudantes conseguem perceber o que Rawl (1993) citado por Levinson, 2010) chama de “raciocínio público”. Ou seja, um raciocínio legitimado e reconhecido com um consenso público além das diferenças culturais. Esta legitimação e consenso verifica-se em diversos aspetos da vida cívica e cultural das comunidades, sem deixar de se abrir à diversidade. Em alguns casos, o sistema educativo parece tentar criar consensos para unificar e homogeneizar os alunos sem reparar possivelmente no carácter opressivo sobre algumas minorias.

Segundo o educador norte-americano James Banks (1985, p.105), ‘o objetivo da Educação para a Cidadania na maioria das Nações é ajudar alunos a desenvolver fidelidade à nação-estado’. Com este objetivo em vista, os estados muitas vezes esquecem a importância que tem para os alunos imigrantes a manutenção de uma ligação com as suas comunidades e culturas originárias. Desta forma, reforça-se uma assimilação da cultura dominante por parte deles, e não uma inclusão e valorização das diferenças (Banks 1985). Nestes casos, o imigrante sofre uma dupla vulnerabilidade, uma dupla exclusão: uma por parte do país de origem e a outra do país onde reside (Ramos 2004).

O inconveniente nesta forma de abordar a educação para a cidadania é supor que é necessário deixar de ensinar a própria cultura para ser substituída pela alheia como se fosse uma espécie de perda de identidade. Os estudantes podem ser cidadãos cosmopolitas mantendo os seus laços com as suas famílias e culturas (Banks 2004). A realidade é que a cultura é dinâmica e por mais que se tente mantê-la estanque, a diversidade existe e tem um grande valor educativo.

Com o multiculturalismo nasce a necessidade de repensar os conteúdos educativos da pedagogia tradicional (Moreira 2001). Assim, o modelo educativo deve aceitar e valorizar as diferenças, contribuindo para o desenvolvimento de uma sociedade onde todos podem participar e dialogar na construção da sua cosmovisão (Ramos 2003).

Neste sentido, Luís Souta (1997) refere a importância da colaboração escola-famílias em contextos multiculturais, começando pré-escolar, promovendo a constante formação tanto de pais como educadores, e construindo estratégias de trabalho colaborativo. A família tem, como afirma Souta (1997), um papel fundamental em parceria com as escolas, no entanto a falta de contacto entre pais e filhos continua a acentuar-se: “Curiosamente, quando tínhamos a filosofia da “escola isolada”, tínhamos as mães e os avós em casa, hoje que queremos uma “escola aberta”, as mães trabalham e os avós estão ausentes” denuncia o autor Souta (1997, p. 59).

Moreira (2001) ressalta também a importância do ensino acerca da multiculturalidade, neste caso especificamente nos educadores, propondo 7 pontos importantes para esta formação:

  • Assinalar os temas inevitáveis na educação referentes ao multiculturalismo, raça, poder, identidade, significado, ética e trabalho;
  • Propor uma formação que implique a aprendizagem das habilidades necessárias para promover um diálogo que favoreça uma dinâmica de crítica e autocrítica;
  • Considerar a necessidade de lidar com os preconceitos e estereótipos dos futuros colegas/alunos, sendo uma estratégia para trabalhar isto o estudo de grupos oprimidos;
  • Foco em aspectos cognitivos, que ainda que necessários, são insuficientes, sendo recomendada a utilização de autobiografías, poesia, música e filmes que abordem temas como a discriminação para promover a envolvência emocionalmente com a temática;
  • Remarcar a necessidade de apoio de professores “menos preconceituosos” nas formações para orientar os futuros docentes no trabalho tanto com alunos dos grupos oprimidos como com alunos dos grupos dominantes;
  • Considerar a importância da formação em temáticas como a cultura, conhecimento, poder, ideologia, linguagem e história, destacando também a discriminação, o racismo e o sexismo. Desta forma os educadores poderão compreender melhor qual a situação de alguns grupos oprimidos;
  • Insistir para que a formação de professores transforme o espaço de aprendizagem, vinculando o conhecimento escolar e os conhecimentos que os estudantes trazem consigo. Se a escola não acolhe novos pensamentos, dificilmente vai poder gerar uma educação que valorize o pensamento crítico e promova transformações sociais (Moreira, 1999).

A educação multicultural é da responsabilidade de formadores de escolas, também de famílias e, sem dúvida, dos meios de comunicação social. As escolas devem compreender que as culturas locais e globais estão relacionadas de uma forma complexa e dinâmica e transmitir isto aos seus alunos (Banks 2004); as famílias devem trabalhar em equipa e empenhar-se em projectos escolares (Souta 1997); e os meios de comunicação devem ser ferramentas para dar a conhecer as diversas culturas.

Novas formas de comunicação e multiculturalidade

Com o aumento do uso das redes sociais, as conexões e relações entre pessoas de diferentes partes do mundo multiplicaram-se. A virtualidade nos relacionamentos é uma realidade, no entanto, qual é o papel dessas tecnologias no desenvolvimento de crianças e jovens? Exploram-se a fundo as possibilidades que oferecem estas tecnologias? E qual é o seu papel na multiculturalidade e educação para a diversidade?

A interrupção das aulas presenciais e, consequentemente, a passagem para as aulas virtuais foi algo que caracterizou o meio académico durante os anos de 2020 e 2021. Neste sentido, a Fundação Scholas Ocurrentes, levou a cabo o projeto ‘Pensarmo-nos’, que procurou reunir jovens de diferentes escolas públicas, privadas, religiosas e não religiosas em encontros virtuais. Além disso, o uso da tecnologia foi uma vantagem, permitindo reunir jovens de diversas partes do mundo. Nesta edição do projeto participaram 115 jovens entre 15 e 18 anos do Brasil, Portugal, Chile e Moçambique. Os jovens reuniram-se em 5 encontros diferentes, entre maio e junho de 2021, nos quais os participantes expressaram, pensaram e compartilharam as suas experiências, colocando em perspectiva as vidas no confronto com outras realidades.

No relatório de avaliação qualitativa deste projeto é possível perceber como alguns dos participantes e voluntários valorizaram esta experiência, chegando a referir que “a diversidade de culturas os ajudou a abrirem-se uns com os outros” e que “a partilha intercultural fê-los perceber que jovens de outros países têm opiniões e desafios semelhantes e que, afinal, eles não estão sozinhos!”.

Segundo Moreira (2008) é necessário pensar uma resposta face à inevitável pluralidade. Neste sentido, os avanços tecnológicos têm um papel importantíssimo na educação formal e informal das crianças e jovens. O desafio dos educadores é responder às necessidades que as rápidas mudanças culturais e sociais criam nos alunos.

Redes sociais

As redes sociais são um meio digital inegavelmente massivo e praticamente mundial. O aumento do seu uso não parece desacelerar. Em julho de 2021, o número de utilizadores de redes sociais cresceu mais de 13% desde o mesmo mês do ano anterior, atingindo quase 500.000.000 utilizadores, 57% da população mundial (Digital, 2021).

Este instrumento é cada vez mais utilizado por educadores como parte das suas estratégias pedagógicas para ensinar. “As redes sociais são ferramentas chave para a comunicação em muitos âmbitos, incluindo a esfera educativa, neste contexto, porque promovem novas formas de ensino (aprendizagem colaborativa), facilitam o acesso à formação global e possibilidades de interconectividade” (Ahumada-Tello et al., 2017, p.100).

No entanto, esta ferramenta tem o potencial de se tornar um lugar à parte da sociedade e separar-nos da diversidade do mundo, do que incomoda. Os jovens correm o risco de deixar de conhecer o mundo real, sem um filtro que modifica a realidade à sua medida, protegidos por um algoritmo que lhes mostra conteúdo apenas de acordo com os seus perfis.

Em 1997 já o autor Luis Souta advertia para este tipo de problemas com o surgimento da internet ao declarar:

Este “tudo fazer sem sair de casa”, transforma as nossas habitações em pequenos oásis da selva urbana: sendo cada vez mais perigoso andar na rua, as habitações tornam-se fortalezas, com sistemas de segurança ultrassofisticados nos portões de entrada, nas portas e janelas.

Por último, as redes sociais podem acabar por criar uma realidade homogeneizada e enviesada, onde escapamos da diversidade e da descoberta do outro. Somos no encontro com o outro: o outro que é diferente de mim, o que me condiciona e me ajuda a conhecer-me. Nas palavras do ex-presidente da Comissão Europeia Jacques Delors (1996 p.108): “A descoberta do outro passa forçosamente pela descoberta de si mesmo”.

O desafio educativo neste contexto é o de conseguir aproveitar o potencial multicultural das tecnologias. Isto sem deixar de prestar atenção às limitações destas ferramentas que por mais que aproximem centenas de milhões de pessoas, ainda 42% da população não tem acesso à internet (Digital, 2021). E muitas vezes, por mais que tenham acesso, nos países mais vulneráveis, a velocidade da internet para participar em certas atividades virtuais é insuficiente.

Conclusão

O multiculturalismo num contexto globalizado é, como já foi dito, essencial e inevitável no domínio da educação. De facto, é muito complexo e são muitos os fatores que influenciam o desenvolvimento de valores em crianças e jovens.

Num mundo onde existe a “globalização da indiferença” (Francisco, 2020), os indivíduos perdem a capacidade de se responsabilizar e empatizar com o sofrimento do outro. A educação, considerando a multiculturalidade, oferece esta responsabilidade, entendida etimológicamente como capacidade de responder.

Esta capacidade de responder envolve uma forma mais empática de perceber o mundo. No entanto, não supõe necessariamente solidariedade, mas sim um meio para se desenvolver como pessoa: conhecendo outras perspectivas, olhamos para as nossas vidas com outros olhos.

Um conceito africano relevante nesta matéria é o do Ubuntu. Este termo/filosofia levanta a ideia de que “Eu sou porque tu és” ou “eu posso ser uma pessoa através de outras pessoas”.

O matemático sudafricano John Volmink (2018-2019, p. 47) descreve o potencial uso do conceito na nossa sociedade:

Gostaríamos de acreditar que o conceito africano do Ubuntu dará uma contribuição genuína para uma nova ética global. Dadas as profundas dimensões relacionais, o Ubuntu atravessa todos os tipos de fronteiras, sejam elas políticas, económicas, culturais ou da sociedade civil.

Esta ideia abraça o conceito de diversidade e de comunidade, gerando uma reflexão: o diverso é o ponto em comum. Um oxímoro. A multiculturalidade é a chave para acabar com a exclusão, a opressão, a marginalização e a discriminação das minorias. Assim, criar pontes e estar em verdadeiro contacto com o outro é o primeiro passo.

Referências
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References
1 Pós-graduado em Educação Social e Intervenção Comunitária da Escola Superior de Educação de Lisboa, do Instituto Politécnico de Lisboa.
[1]Pós-graduado em Educação Social e Intervenção Comunitária da Escola Superior de Educação de Lisboa, do Instituto Politécnico de Lisboa. Resumo: O presente texto pretende analisar sinteticamente o contexto educacional multicultural do mundo globalizado, onde os encontros e conflitos entre culturas levam à necessidade de repensar a educação" data-link="https://sinergiased.org/a-multiculturalidade-na-educacao-e-precisa-e-inevitavel/">

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1 Pós-graduado em Educação Social e Intervenção Comunitária da Escola Superior de Educação de Lisboa, do Instituto Politécnico de Lisboa.